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terça-feira, 16 de março de 2010

O Brasil tem um desafio: conciliar desenvolvimento com preservação. O desmatamento desenfreado da Amazônia, a maior floresta tropical do planeta, não pode continuar. Quase um quinto da vegetação original já desapareceu, metade disso nos últimos vinte anos, quando o avanço das motosserras passou a ser monitorado com imagens feitas por satélites. O pedido de demissão da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, na semana passada, ocorreu no contexto desse debate central para o futuro - como conciliar o crescimento econômico com a proteção ambiental, sobretudo na região amazônica, que abrange mais da metade do território nacional. Marina teve de sair porque não soube solucionar essa equação. Sua saída, porém, não muda em nada o dilema colocado diante dos brasileiros.

Para dar o salto econômico de que necessita, o Brasil não pode abrir mão de seu potencial agropecuário ou de investir na geração de energia. Tampouco pode destruir um bioma que é ao mesmo tempo um patrimônio nacional a ser preservado e um foco de interesse internacional. Pela diversidade biológica e pelo papel que a floresta tropical brasileira desempenha no equilíbrio climático do planeta, seu destino desperta preocupação global. A reação no exterior ao pedido de demissão da ministra foi de susto.

O jornal inglês The Guardian qualificou a saída de Marina Silva como "uma ameaça ao futuro da maior floresta tropical do mundo". Marina Silva nunca passou de um ícone, uma peça de marketing exibida pelo governo Lula para mostrar uma suposta vocação ambientalista. Muito antes de ser ministra, ela era reconhecida internacionalmente como defensora da preservação da Floresta Amazônica, com excelente trânsito entre as ONGs mais barulhentas do planeta. No cargo de ministra, porém, mostrou pouca intimidade com a burocracia, a começar pela montagem da equipe. Seus principais assessores eram quase todos militantes de organizações dogmáticas, que viviam em atrito permanente com setores do próprio governo.

Desde o primeiro mandato, Marina travou uma queda-de-braço com a então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff. As divergências com relação à concessão de licenças ambientais para a construção de hidrelétricas chegaram a tal ponto que as duas mal se cumprimentavam. Para Dilma, Marina era um obstáculo ao crescimento do país. Marina considerava Dilma a encarnação de tudo o que deveria ser combatido pelo governo.

O presidente Lula também não escondia de seus interlocutores a irritação com o desempenho da Pasta do Meio Ambiente. Nas últimas semanas, houve dois exemplos claros do processo de fritura da ministra. O primeiro foi o lançamento da Política Industrial, que não tinha uma linha sequer sobre a questão ecológica, apesar dos longos textos sobre o assunto enviados por Marina ao Planalto. Depois, no que acabou sendo a gota d'água, o presidente anunciou que o Plano Amazônia Sustentável seria coordenado por Mangabeira Unger, ministro de Assuntos Estratégicos. O plano era um filhote do ministério de Marina, e ela tinha esperanças de assumir sua coordenação. Entre quatro paredes, Lula mostrou-se aliviado com a renúncia da ministra.

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